domingo, 15 de setembro de 2013

A Clarividência Cega de Arthur Rimbaud


Arthur Rimbaud

Agosto 2013

Postei recentemente uma série chamada "Hinos ao Sol". Dediquei a Rimbaud, um dos meus amados anjos caídos. A suprema ousadia de Arthur Rimbaud em abandonar a poesia que escrevia melhor que ninguém... Moleque danado de bom, aquele! Só o essencial. O puramente essencial. Como Rimbaud dizia: 'a brevidade do essencial'.
Não gosto muito quando ele resolve rondar minha vida. Põe as coisas de cabeça para baixo, vira tudo do avesso. Tenho medo de Rimbaud, na verdade. Porque ele me intriga. Criou a poesia mais revolucionária para a época, foi o primeiro punk de verdade. Johnny Rotten e Syd Vicious perto dele foram Mickey Mouse.
Rebelde, diabólico, homossexual, gênio... Sua vida obscura na Abissínia traficando armas, café e sabe lá Deus o quê mais. Dos poetas profanos, ninguém que se compara a ele. 
Li praticamente tudo que me caiu nas mãos sobre Rimbaud. Mas sempre que ouço algo novo é um assombro, uma revelação! Rimbaud - Charlesville, Charlestown - O Eterno Retorno de Rimbaud. Veja isso no You-tube!
Alguns escritos que acharam dele muitos anos depois que ele morrera têm, por exemplo, "A Caçada Espiritual" como título.
Como pôde um demônio daqueles escrever uma poesia em prosa chamada "Iluminações"?
O fato é que comecei a compor os "Hinos ao Sol", que desde o começo surgiram sem pedir licença. Fui trabalhando aos poucos, burilando, entendendo, até que ontem finalmente percebi que tinham adquirido forma estabelecida. E o retorno de Rimbaud aconteceu desta vez nem sei bem por quê. 
Afinal, vi nesse documentário que uma das obsessões de Rimbaud era o sol. Mesmo depois de ter sua perna amputada em Marseille ele queria voltar para a Abissínia porque achava que o sol iria curá-lo. 
Assim ele tem assombrado a claridade dos meus dias. Penso nele, ouço músicas que me remetem ao ser dele... Rimbaud! A gente só compreende o que nos intriga pouco a pouco. Tal como nós, abrindo nossa caixa de surpresas, um pouco mais benéfica que a de Pandora, descobrindo enlaces, coincidências, mapas que já se cruzaram noutras geografias aquém. 
A arte é um dos poucos resgates mecânicos. E ainda assim também ela não nos leva a lugar algum muitas vezes.

A vida em si é algo ordinário, não interessa se você é Jean Paul Sartre ou o Bandido da Luz Vermelha. O sufoco de existir é duro de engolir sem mastigar. É nossa responsabilidade levantar alicerces e muros para depois quebrar algumas partes e abrir algumas portas, janelas... À frente sempre haverá uma nova paisagem. 
Quando não houver, buscaremos tintas para pintar uma nova maneira de amanhecer outra vez, indefinidamente, solertes homens.



Provavelmente essa foto tenha sido tirada por Rimbaud em Harar, Abissínia. É um escrivão. É lamentável que quase não haja fotos dele quando adulto. Descobriu-se recentemente algumas fotos que pesquisadores acreditam seja ele.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.